Pessoa conversa com Pessoa
Pessoas não conversam somente com os amigos, mas com pessoas. Comprometer-se com a pessoa é comprometer-se com a verdade. É certo dizer que o que diz uma pessoa é a própria pessoa. Mas, não é certo dizer que a pessoa é apenas um dito daquela pessoa, sem considerar os seus outros dizeres e suas reelaborações. E não é certo não permitir que ela o faça. Por isso, a pessoa é aquilo que ela diz, diz de novo, aquilo que ela reelabora e aquilo que ela diz de diferente daquilo que disse primeiro. Porque comprometer-se com a pessoa é comprometer-se com uma relação verdadeira e não simplesmente com que ela disse primeiro.
Quando nada é dito, não podemos dizer que estamos diante da pessoa. Antes, estamos diante da idéia que formamos da pessoa até aquele momento.
A estratégia de provocar o outro é legítima, desde que seja para trazer o outro para a conversa, convidando-o a reelaborar as suas idéias. Isso não é fácil fazer.
Tratar o outro como inimigo, adversário, criminoso ou qualquer coisa que o valha é não mais querer escutar o outro e se prender a uma idéia que fazemos dele. Esta atitude conservadora é mais comum.
Do mesmo modo, o outro que tampa os ouvidos e se prende a sua opinião inicial com pretensões de encerrar a conversa, se enjaulou em sua própria idéia. Isso é possível, não para sempre, mas é possível. Neste caso, quem perde somos todos nós.
Pessoa se contrapõe a pessoa, isto é certo, no entanto, não para que um vença o outro, não neste sentido de luta, mas, contrapõe-se a pessoa porque a verdade não é exclusiva e completa no dizer de nenhuma pessoa. E jamais vai ser. Por isso precisamos do outro, permitir que o outro permaneça sempre o outro, para novamente proferir palavras e poder exprimir novamente a verdade, porque, a verdade no dizer da pessoa é única e definitiva. No sentido de que ela não pode mais desdizer aquilo que disse, mas, somente dizer algo novo e diferente do que disse. Isso não me parece um dom, mas, um exercício que devemos fazer diariamente.
Aquele que pensa assim passa a ter respeito por todas as pessoas e não simplesmente pelas pessoas que o admiram e concordam com que diz.
Luiz H. Eiterer
Quando nada é dito, não podemos dizer que estamos diante da pessoa. Antes, estamos diante da idéia que formamos da pessoa até aquele momento.
A estratégia de provocar o outro é legítima, desde que seja para trazer o outro para a conversa, convidando-o a reelaborar as suas idéias. Isso não é fácil fazer.
Tratar o outro como inimigo, adversário, criminoso ou qualquer coisa que o valha é não mais querer escutar o outro e se prender a uma idéia que fazemos dele. Esta atitude conservadora é mais comum.
Do mesmo modo, o outro que tampa os ouvidos e se prende a sua opinião inicial com pretensões de encerrar a conversa, se enjaulou em sua própria idéia. Isso é possível, não para sempre, mas é possível. Neste caso, quem perde somos todos nós.
Pessoa se contrapõe a pessoa, isto é certo, no entanto, não para que um vença o outro, não neste sentido de luta, mas, contrapõe-se a pessoa porque a verdade não é exclusiva e completa no dizer de nenhuma pessoa. E jamais vai ser. Por isso precisamos do outro, permitir que o outro permaneça sempre o outro, para novamente proferir palavras e poder exprimir novamente a verdade, porque, a verdade no dizer da pessoa é única e definitiva. No sentido de que ela não pode mais desdizer aquilo que disse, mas, somente dizer algo novo e diferente do que disse. Isso não me parece um dom, mas, um exercício que devemos fazer diariamente.
Aquele que pensa assim passa a ter respeito por todas as pessoas e não simplesmente pelas pessoas que o admiram e concordam com que diz.
Luiz H. Eiterer
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