Crise e demissões na UNIMEP
Prezados(as)
Segue matéria recebida sobre a crise e as demissões na UNIMEP e que afetam
e que afetam gravemente as atividades educacionais da instituição, de modo
especial o programa de pósgraduação em educação.
SOLICITAMOS AMPLA DIVULGAÇÃO!
Prof. Dr. José Claudinei Lombardi
Coord. executivo do HISTEDBR / FE UNICAMP
=================================================
UNIMEP - Desrespeito ao processo eleitoral e mais de 100 demissões via Intranet
Alguns fatos
A crise financeira da Unimep vem se agravando nos últimos anos.
No dissídio coletivo de abril/maio deste ano, os professores concordaram com uma redução de seus salários em 10% e com o não reajuste anual de acordo com a inflação do período, perfazendo uma redução salarial cerca de 15%, em troca da garantia de não demissão de colegas até pelo menos o próximo dissídio.
Há cerca de um mês assumiu a reitoria da Unimep, com antecipação do encerramento do mandato do então reitor, o Prof. Davi Ferreira Barros, ex-reitor da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), onde já comandara uma operação de “saneamento financeiro” da instituição.
Logo nas primeiras reuniões e em suas manifestações públicas, considerando a gravidade da crise, apontou para a necessidade de medidas excepcionais visando contenção de gastos e uma administração muito mais eficiente. Deu a entender que cedo ou tarde haveria demissões de docentes e funcionários.
Aliás, antes disso, já haviam ocorrido dois processos de demissão voluntária, que resultaram em número significativo de demissões.
Manifestou ele também a intenção de mudar a estrutura da administração central e de indicar tanto para os principais cargos da reitoria, quanto para a direção das Faculdades e Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação e Graduação pessoas de sua estrita confiança, dispensando os processos
eleitorais que são tradição na Unimep.
Diante disto, houve mobilização dos professores das diversas faculdades e dos seus cursos, assim como da associação de docentes, visando convencer o novo reitor que, apesar da crise, era necessário manter processos mínimos de gestão democrática interna.
Em reunião com os diretores das Faculdades, concordou que os processos eleitorais se efetivassem. Foi assim que, via colegiado ou via processo eleitoral, com candidaturas e voto em urna secreta, foram apontados os eleitos para nomeação pelo reitor para os cargos de diretor de Faculdades e coordenação de cursos.
Em relação à pós-graduação, apesar de uma minuta de portaria que apontava para profundas mudanças visando tornar os cursos superavitários, após reunião com os coordenadores dos Programas, o reitor concordou em que se completassem os processos seletivos já iniciados e se programassem as atividades para o primeiro semestre de 2007 nos moldes atuais e que durante esse semestre fossem discutidas e eventualmente acordadas as mudanças previstas pela minuta dessa portaria.
Assim como os processos eleitorais, também foram concluídos os processos seletivos para a pós-graduação. No caso do Programa de Pós em Educação, a
reunião do colegiado que homologou a seleção de 13 novos doutorandos e 32 novos mestrandos encerrou-se às 12hs do dia de ontem, 07/12/2006.
A partir das primeiras horas da tarde de ontem, na medida em que os docentes iam abrindo seus correios eletrônicos na Intranet da Unimep, calcula-se que cerca de uma centena defrontou-se com um aviso de “informe importante”, que, ao ser aberto, lhes anunciava, mediante comunicado geral, não nominal e lacônico, a demissão a partir dessa data, solicitando-os a comparecer ao Departamento de Pessoal para assinatura do distrato funcional.
Entre os demitidos sumariamente, estão vários dos candidatos vencedores e por larguíssima margem (93% dos votos, no caso da Faculdade de Ciência Humanas), no processo eleitoral para diretor de Faculdades e coordenação de cursos; diversos coordenadores de Curso de Pós-Graduação e de Graduação em pleno exercício; e, no caso do Programa de Pós-Graduação em Educação, dos 15 professores que nele trabalham, os colegas Júlio Romero Ferreira (atual membro da Comissão de Avaliação para a Área de Educação, da CAPES,ex-coordenador do Programa e ex-diretor do antigo centro de Ciências
Humanas da Unimep), Maria Cecília Carareto (ex-diretora do Centro de ciências Humanas da Unimep), Bruno Pucci (ex-diretor da Faculdade de Ciências Humanas e de Educação, coordenador do Programa há cinco anos), Roseli Pacheco Schnetzler, Ademir Gebara e Francisco Fontanella. Como esses colegas foram demitidos e não poderão mais exercer suas funções acadêmicas na Instituição e cada um era responsável por 6 a 7 orientandos de mestrado e doutorado, cerca de 40 dos cerca de 160 alunos do PPGE/Unimep, se encontram a partir desta data sem orientador...
Considerações
Como se vê, o Prof. Davi Ferreira Barros, Reitor (interventor?) e, desde a véspera dessa medida draconiana, também respondendo pela Presidência do Conselho Diretor do Instituto Educacional Piracicabano (IEP), e presumivelmente com o endosso da Igreja Metodista, quebrou de uma só vez todos os acordos e todas as tradições democráticas de respeito ao processo eleitoral e de negociação trabalhista. Além disso, agiu como se fora um Presidente-Diretor-Geral de uma empresa econômica dos tempos do capitalismo mais selvagem e predatório, ao tratar de professores, alguns deles com cerca de 30 anos de serviços prestados com a máxima dedicação pessoal e profissional, diretores e ex-diretores de Unidades, coordenadores e ex-coordenadores de cursos de Pós-Graduação e de Graduação, e de candidatos recém eleitos, sem mínimos de deferência e consideração, demitindo-os mediante um comunicado geral, frio e quase anônimo, via Intranet.
O processo de crescente privatização/mercantilização que caracteriza a educação superior nos últimos anos, infelizmente, tem contaminado de morte até universidades confessionais e comunitárias, das quais não se poderia esperar que, para enfrentarem a crise financeira – em grande medida provocada pela competição que o modelo de expansão privatizante tem provocado – tivessem que abolir qualquer traço de civilidade na demissão de seus mais dedicados e qualificados colaboradores e desprezar os mais sagrados princípios da democracia interna da instituição universitária.
Atos assim fazem pensar que a gestão democrática, em universidades confessionais e comunitárias como Unimep, é apenas tolerada quando não há crise ou quando cresce o patrimônio das mantenedoras e das igrejas que as patrocinam. Os grandes “operários” construtores dessas universidades – responsáveis principais, com seu trabalho assalariado, por esse enriquecimento patrimonial –, na hora da crise são tratados de modo mais humilhante do que ocorre nas empresas típicas do capitalismo vigente.
Segue matéria recebida sobre a crise e as demissões na UNIMEP e que afetam
e que afetam gravemente as atividades educacionais da instituição, de modo
especial o programa de pósgraduação em educação.
SOLICITAMOS AMPLA DIVULGAÇÃO!
Prof. Dr. José Claudinei Lombardi
Coord. executivo do HISTEDBR / FE UNICAMP
=================================================
UNIMEP - Desrespeito ao processo eleitoral e mais de 100 demissões via Intranet
Alguns fatos
A crise financeira da Unimep vem se agravando nos últimos anos.
No dissídio coletivo de abril/maio deste ano, os professores concordaram com uma redução de seus salários em 10% e com o não reajuste anual de acordo com a inflação do período, perfazendo uma redução salarial cerca de 15%, em troca da garantia de não demissão de colegas até pelo menos o próximo dissídio.
Há cerca de um mês assumiu a reitoria da Unimep, com antecipação do encerramento do mandato do então reitor, o Prof. Davi Ferreira Barros, ex-reitor da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), onde já comandara uma operação de “saneamento financeiro” da instituição.
Logo nas primeiras reuniões e em suas manifestações públicas, considerando a gravidade da crise, apontou para a necessidade de medidas excepcionais visando contenção de gastos e uma administração muito mais eficiente. Deu a entender que cedo ou tarde haveria demissões de docentes e funcionários.
Aliás, antes disso, já haviam ocorrido dois processos de demissão voluntária, que resultaram em número significativo de demissões.
Manifestou ele também a intenção de mudar a estrutura da administração central e de indicar tanto para os principais cargos da reitoria, quanto para a direção das Faculdades e Coordenação dos Cursos de Pós-Graduação e Graduação pessoas de sua estrita confiança, dispensando os processos
eleitorais que são tradição na Unimep.
Diante disto, houve mobilização dos professores das diversas faculdades e dos seus cursos, assim como da associação de docentes, visando convencer o novo reitor que, apesar da crise, era necessário manter processos mínimos de gestão democrática interna.
Em reunião com os diretores das Faculdades, concordou que os processos eleitorais se efetivassem. Foi assim que, via colegiado ou via processo eleitoral, com candidaturas e voto em urna secreta, foram apontados os eleitos para nomeação pelo reitor para os cargos de diretor de Faculdades e coordenação de cursos.
Em relação à pós-graduação, apesar de uma minuta de portaria que apontava para profundas mudanças visando tornar os cursos superavitários, após reunião com os coordenadores dos Programas, o reitor concordou em que se completassem os processos seletivos já iniciados e se programassem as atividades para o primeiro semestre de 2007 nos moldes atuais e que durante esse semestre fossem discutidas e eventualmente acordadas as mudanças previstas pela minuta dessa portaria.
Assim como os processos eleitorais, também foram concluídos os processos seletivos para a pós-graduação. No caso do Programa de Pós em Educação, a
reunião do colegiado que homologou a seleção de 13 novos doutorandos e 32 novos mestrandos encerrou-se às 12hs do dia de ontem, 07/12/2006.
A partir das primeiras horas da tarde de ontem, na medida em que os docentes iam abrindo seus correios eletrônicos na Intranet da Unimep, calcula-se que cerca de uma centena defrontou-se com um aviso de “informe importante”, que, ao ser aberto, lhes anunciava, mediante comunicado geral, não nominal e lacônico, a demissão a partir dessa data, solicitando-os a comparecer ao Departamento de Pessoal para assinatura do distrato funcional.
Entre os demitidos sumariamente, estão vários dos candidatos vencedores e por larguíssima margem (93% dos votos, no caso da Faculdade de Ciência Humanas), no processo eleitoral para diretor de Faculdades e coordenação de cursos; diversos coordenadores de Curso de Pós-Graduação e de Graduação em pleno exercício; e, no caso do Programa de Pós-Graduação em Educação, dos 15 professores que nele trabalham, os colegas Júlio Romero Ferreira (atual membro da Comissão de Avaliação para a Área de Educação, da CAPES,ex-coordenador do Programa e ex-diretor do antigo centro de Ciências
Humanas da Unimep), Maria Cecília Carareto (ex-diretora do Centro de ciências Humanas da Unimep), Bruno Pucci (ex-diretor da Faculdade de Ciências Humanas e de Educação, coordenador do Programa há cinco anos), Roseli Pacheco Schnetzler, Ademir Gebara e Francisco Fontanella. Como esses colegas foram demitidos e não poderão mais exercer suas funções acadêmicas na Instituição e cada um era responsável por 6 a 7 orientandos de mestrado e doutorado, cerca de 40 dos cerca de 160 alunos do PPGE/Unimep, se encontram a partir desta data sem orientador...
Considerações
Como se vê, o Prof. Davi Ferreira Barros, Reitor (interventor?) e, desde a véspera dessa medida draconiana, também respondendo pela Presidência do Conselho Diretor do Instituto Educacional Piracicabano (IEP), e presumivelmente com o endosso da Igreja Metodista, quebrou de uma só vez todos os acordos e todas as tradições democráticas de respeito ao processo eleitoral e de negociação trabalhista. Além disso, agiu como se fora um Presidente-Diretor-Geral de uma empresa econômica dos tempos do capitalismo mais selvagem e predatório, ao tratar de professores, alguns deles com cerca de 30 anos de serviços prestados com a máxima dedicação pessoal e profissional, diretores e ex-diretores de Unidades, coordenadores e ex-coordenadores de cursos de Pós-Graduação e de Graduação, e de candidatos recém eleitos, sem mínimos de deferência e consideração, demitindo-os mediante um comunicado geral, frio e quase anônimo, via Intranet.
O processo de crescente privatização/mercantilização que caracteriza a educação superior nos últimos anos, infelizmente, tem contaminado de morte até universidades confessionais e comunitárias, das quais não se poderia esperar que, para enfrentarem a crise financeira – em grande medida provocada pela competição que o modelo de expansão privatizante tem provocado – tivessem que abolir qualquer traço de civilidade na demissão de seus mais dedicados e qualificados colaboradores e desprezar os mais sagrados princípios da democracia interna da instituição universitária.
Atos assim fazem pensar que a gestão democrática, em universidades confessionais e comunitárias como Unimep, é apenas tolerada quando não há crise ou quando cresce o patrimônio das mantenedoras e das igrejas que as patrocinam. Os grandes “operários” construtores dessas universidades – responsáveis principais, com seu trabalho assalariado, por esse enriquecimento patrimonial –, na hora da crise são tratados de modo mais humilhante do que ocorre nas empresas típicas do capitalismo vigente.
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