Esse plebiscito é oportuno?
Fonte: CNBB
Dom Aloísio Roque Oppermann veio com uma conversa fiada danada, no meu entender procurando colocar uma pitada de conservadorismo no discurso dos bispos para mudar o rumo da conversa e do plebiscito pelo limite da terra em setembro. Eu acho que o plebiscito é oportuno, porque ter o plebiscito não impede que conversermos mais sobre o assunto e, neste caso, principalmente, sobre o número de módulos fiscais. Embora, na minha opinião para se ter uma reforma para valer o número não pode ser muito maior que 35. Essa lei estabelecendo o limite da propriedade da terra em 35 módulos fiscais garante a manutenção da reforma sem jeitinhos e malandragens. Esse plebiscito é oportuno para que a gente converse sobre a necessidade de se fazer uma reforma agrária de fato no Brasil e deixemos de contar histórias.
Leia o que Dom Aloísio escreveu:
Vamos combinar uma coisa. Ninguém de nós vai ficar nervoso sem necessidade. O assunto a ser abordado poderia causar transtornos circulatórios. O ar, a água e a terra são bens inestimáveis que nos vem do Criador, e devem estar ao alcance de todos. “Não havia entre eles necessitados” (At 3, 34). O que dizer se no alto de uma escada houvesse dez copos de água para dez sedentos? Se o mais saudável conseguir se antecipar aos outros, e sorver sete copos, e deixar para os outros nove apenas três copos, isso se pode considerar solução fraterna? É o que pode acontecer com a posse da terra no Brasil. Calma. A conversa não é contra os legítimos proprietários de terra, que nela trabalham, e arrancam farta alimentação para a população. Sabemos que 2% da população detém 60% das terras. E não são eles os principais produtores que alimentam a nação. Quem produz imensamente mais são os pequenos e médios proprietários. Estes não são objeto de reajustamento. O que se quer é forçar os que são possuidores de verdadeiras sesmarias, a abrirem mão do seu excesso. É bom saber que a terra não é mais a única fonte de riqueza, mas hoje vale muito o conhecimento. Por que o povo simples, que tem vocação agrícola, não pode ter o seu chão para trabalhar, uma vez que este é a fonte de dignidade de sua vida e de sua riqueza?
Fala-se agora em fazer um plebiscito para estabelecer o tamanho máximo de uma propriedade rural. O limite máximo se estabeleceu na maioria dos países modernos. Comenta-se que aqui seriam 35 módulos fiscais, o que varia de Estado para Estado. Em alguns seriam 40 hectares, em outros 150... A querida CNBB sempre foi a favor da justa reforma agrária, mas não foi ela que estabeleceu tal limite (que eu considero muito pequeno). Isso foi promovido pelo Fórum Nacional de Reforma Agrária, e recebeu o apoio das Pastorais Sociais da CNBB. Embora a última Assembléia episcopal tenha debatido “Igreja e Questão Agrária no Início do Século XXI”, não houve palavra definitiva dos Bispos sobre tal plebiscito. Não se discutiu o tamanho do módulo, nem a quem pertenceria o território que ultrapassasse tal área. Em suma, sem querer contrariar os notáveis da República, considero que seria muito bom discutir melhor assunto tão melindroso, e de grande importância. Queremos “paz na terra”.
Dom Aloísio Roque Oppermann
Meu comentário
Outra opinião contra o plebiscito é do bispo Cristiano Krapf. que parece trabalhar com os pobres mas não para os pobres e para a igualdade tão necessaria à liberdade e à democracia. Sem igualdade o diálogo e a paz é praticamente impossível. Os argumentos do bispo me fez lembrar de como, ao longo dos tempos, os pensadores buscaram justificar a miséria e rejeitar qualquer política séria para sua erradicação, propagando uma arte de ignorar os pobres.
Dom Aloísio Roque Oppermann veio com uma conversa fiada danada, no meu entender procurando colocar uma pitada de conservadorismo no discurso dos bispos para mudar o rumo da conversa e do plebiscito pelo limite da terra em setembro. Eu acho que o plebiscito é oportuno, porque ter o plebiscito não impede que conversermos mais sobre o assunto e, neste caso, principalmente, sobre o número de módulos fiscais. Embora, na minha opinião para se ter uma reforma para valer o número não pode ser muito maior que 35. Essa lei estabelecendo o limite da propriedade da terra em 35 módulos fiscais garante a manutenção da reforma sem jeitinhos e malandragens. Esse plebiscito é oportuno para que a gente converse sobre a necessidade de se fazer uma reforma agrária de fato no Brasil e deixemos de contar histórias.
Leia o que Dom Aloísio escreveu:
Vamos combinar uma coisa. Ninguém de nós vai ficar nervoso sem necessidade. O assunto a ser abordado poderia causar transtornos circulatórios. O ar, a água e a terra são bens inestimáveis que nos vem do Criador, e devem estar ao alcance de todos. “Não havia entre eles necessitados” (At 3, 34). O que dizer se no alto de uma escada houvesse dez copos de água para dez sedentos? Se o mais saudável conseguir se antecipar aos outros, e sorver sete copos, e deixar para os outros nove apenas três copos, isso se pode considerar solução fraterna? É o que pode acontecer com a posse da terra no Brasil. Calma. A conversa não é contra os legítimos proprietários de terra, que nela trabalham, e arrancam farta alimentação para a população. Sabemos que 2% da população detém 60% das terras. E não são eles os principais produtores que alimentam a nação. Quem produz imensamente mais são os pequenos e médios proprietários. Estes não são objeto de reajustamento. O que se quer é forçar os que são possuidores de verdadeiras sesmarias, a abrirem mão do seu excesso. É bom saber que a terra não é mais a única fonte de riqueza, mas hoje vale muito o conhecimento. Por que o povo simples, que tem vocação agrícola, não pode ter o seu chão para trabalhar, uma vez que este é a fonte de dignidade de sua vida e de sua riqueza?
Fala-se agora em fazer um plebiscito para estabelecer o tamanho máximo de uma propriedade rural. O limite máximo se estabeleceu na maioria dos países modernos. Comenta-se que aqui seriam 35 módulos fiscais, o que varia de Estado para Estado. Em alguns seriam 40 hectares, em outros 150... A querida CNBB sempre foi a favor da justa reforma agrária, mas não foi ela que estabeleceu tal limite (que eu considero muito pequeno). Isso foi promovido pelo Fórum Nacional de Reforma Agrária, e recebeu o apoio das Pastorais Sociais da CNBB. Embora a última Assembléia episcopal tenha debatido “Igreja e Questão Agrária no Início do Século XXI”, não houve palavra definitiva dos Bispos sobre tal plebiscito. Não se discutiu o tamanho do módulo, nem a quem pertenceria o território que ultrapassasse tal área. Em suma, sem querer contrariar os notáveis da República, considero que seria muito bom discutir melhor assunto tão melindroso, e de grande importância. Queremos “paz na terra”.
Dom Aloísio Roque Oppermann
Meu comentário
Outra opinião contra o plebiscito é do bispo Cristiano Krapf. que parece trabalhar com os pobres mas não para os pobres e para a igualdade tão necessaria à liberdade e à democracia. Sem igualdade o diálogo e a paz é praticamente impossível. Os argumentos do bispo me fez lembrar de como, ao longo dos tempos, os pensadores buscaram justificar a miséria e rejeitar qualquer política séria para sua erradicação, propagando uma arte de ignorar os pobres.
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